Síndrome de Burnout: saiba reconhecer os fatores de risco

Se existe sofrimento que acarreta em perda da qualidade de vida, as ações devem ser imediatas.  No entanto, devido às demandas do cotidiano, muitas vezes, vamos “passando por cima” do desconforto e a busca do auxílio vai ficando para depois.

Um quadro caracterizado por sofrimento constante na rotina de trabalho e que leva à necessidade de afastamento por licença médica, está descrita nos manuais de classificação dos problemas de saúde como “Síndrome de Burnout” e tem relação com o esgotamento em decorrência de tensão emocional e estresse crônico, como se o indivíduo se encontrasse em “estado de combustão”. Algumas profissões, nas quais o envolvimento interpessoal é intenso, como é o caso de muitos profissionais da saúde, educação ou segurança poderiam sinalizar um risco maior do desenvolvimento do transtorno. No entanto, sabe-se que, em qualquer função em que ocorra desgaste físico e/ou emocional intensos, problemas de saúde também ocorrerão.

Burnout é geralmente desenvolvida como resultado de um período de esforço excessivo no trabalho com intervalos muito pequenos para recuperação, que poderiam ser períodos maiores de lazer, contato com a natureza, amigos, família, entre outras coisas.  De fato, o problema chamou atenção primeiramente em profissionais que possuem contato interpessoal mais exigente, tais como enfermeiros,  professores, policiais e atendentes públicos. Hoje, entretanto, as observações já se estendem a todos profissionais que interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam e/ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem a técnicas e métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas a avaliações constantes e imediatas. Enquanto diversos estudiosos defendem que burnout refere-se exclusivamente a uma síndrome relacionada à exaustão e ausência de personalização no trabalho, outros percebem-na como um caso especial de depressão ou ainda uma forma de fadiga extrema, similar a que ocorre em mães que fazem jornada dupla: trabalho e filhos.

Entre os fatores aparentemente associados ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout está a falta de autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com as chefias, problemas de relacionamento com colegas ou clientes, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de cooperação da equipe. Estudiosos apontam que o  estado típico de insatisfação física ou biológica, ao ser vivenciado por longo intervalo de tempo, promove o desequilíbrio orgânico que redunda em sofrimento e dor física, podendo culminar em doenças graves. Sendo assim, é possível perceber em algumas organizações, alto índice de afastamentos por licenças médicas, devido à falta de condições favoráveis ao desenvolvimento dos indivíduos que ali passam várias horas de seus dias em função do trabalho.

Podem ser sintomas da síndrome: enxaquecas, problemas gastro-intestinais, crises de asma, taquicardia (palpitações), maior frequência de infecções ou alergias, dores no corpo, entre outras. Além disso, nas atividades do cotidiano o problema pode ser observado no aumento de absenteísmo (faltas no trabalho), comportamentos de agressividade, necessidade de isolamento, utilização de substâncias psicoativas, baixa tolerância, falta de paciência etc.

Quando algumas destas características começam a chamar atenção, tornando-se persistentes, independentemente do diagnóstico, torna-se necessário refletir sobre qualidade de vida e promoção de mudanças.

Tatiana Berta

Psicóloga e Psicoterapeuta Comportamental e Cognitiva, Mestra em Ciências da Saúde

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*O conteúdo publicado não substitui a consulta psicológica.