Entendendo o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: TDAH

TDAH

Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: perguntas e respostas

O que é TDAH?

O termo “Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)” surgiu em 1994, a partir da classificação de dois grupos de sintomas: desatenção e hiperatividade/impulsividade. Estima-se que este transtorno ocorra em uma faixa entre 1 a 5% dos adultos. Entre as crianças, a faixa de ocorrência estimada é de 3 a 5%.

O TDAH é considerado um problema de saúde e exerce forte impacto na qualidade de vida, interferindo na dinâmica familiar, acadêmica e social como um todo. Tendo como característica o padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade, o TDAH pode desencadear dificuldades no emprego, na formação acadêmica, no manejo econômico e nas relações sociais. Na prática, os prejuízos se dão por meio de problemas de organização e planejamento; dificuldade de manter o foco da atenção à leitura ou ao trabalho burocrático; desorganização com a administração do tempo; impulsividade para tomada de decisões; dificuldades de cumprir compromissos e para fazer e manter amizades, dentre outros.
Como saber se você pode sofrer de TDAH?

Procure responder as perguntas abaixo:

Sintomas de desatenção:

Com freqüência…

– deixo de concentrar a atenção a detalhes ou cometo erros por descuido no trabalho escolar, profissional ou em outras atividades?

–  tenho dificuldade de manter a atenção às tarefas?

– deixo de ouvir quando alguém fala comigo?

– não sigo instruções e deixo de fazer o trabalho escolar, tarefas de casa ou no local do trabalho?

– tenho dificuldades para organizar tarefas e atividades?

– evito, não gosto ou reluto em envolver-me em tarefas que requeiram esforço mental prolongado?

– perco coisas que são necessárias para tarefas ou atividades?

– me distraio facilmente com estímulos externos?

– esqueço de atividades cotidianas?

Sintomas de hiperatividade/impulsividade:

Com freqüência…

– mexo as mãos ou os pés ou me movimento na cadeira?

– levanto da cadeira na escola ou em outras situações em que é necessário permanecer sentado?

– circulo excessivamente pelo ambiente?

– tenho dificuldades para brincar ou me envolver em atividades de lazer tranquilamente?

– fico “em movimento” como se tivesse “um motor”?

– falo em excesso?

– falo sem pensar ou respondo antes da pergunta ter sido completada?

– tenho dificuldade de esperar minha vez?

– interrompo as pessoas ou chego a ser invasivo?

Agora, observe se cada um dos critérios abaixo corresponde às suas respostas:

a)    Seis ou mais dos sintomas de desatenção ou seis ou mais dos sintomas de hiperatividade/impulsividade devem estar presentes;

b)    Alguns sintomas estavam presentes antes dos sete anos;

c)    Algum prejuízo decorrente dos sintomas está presente em dois ou mais ambientes (por exemplo, em casa e no trabalho);

d)    Há evidências clínicas claras de prejuízo significativo ao funcionamento social, acadêmico ou ocupacional;

e)    Os sintomas não ocorrem exclusivamente no decorrer de outro transtorno.

Para que seja realizado o diagnóstico de TDAH, de acordo com o DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico das Doenças Mentais) cada um dos cinco critérios listados deve ser cumprido.

Como é realizado o tratamento do TDAH?

O uso de medicações é, sem dúvida, um tema bastante discutido em relação ao tratamento do TDAH. Estudos demonstram que a utilização de alguns medicamentos pode ser de grande auxílio para os pacientes diagnosticados com o transtorno. O tratamento medicamentoso aliado aos procedimentos utilizados em psicoterapia costuma produzir bons resultados na melhora da qualidade de vida dos indivíduos que sofrem com o transtorno.

Pesquisas recentes apontam que o tratamento com base em estratégias cognitivo-comportamentais promove os melhores resultados para o controle de TDAH; destacando-se o esclarecimento de dúvidas por meio de psicoeducação e o auxílio no desenvolvimento de autocontrole e de habilidades sociais, habilidades essas que muitos indivíduos hiperativos necessitam.

Com o auxílio do psicólogo pode ser desenvolvido um programa de tratamento com base em etapas como:

1. Psicoeducação e introdução a habilidades de organização e planejamento:

Esta primeira etapa consiste na obtenção de informações sobre o transtorno e no estabelecimento de metas terapêuticas necessárias ao desenvolvimento do processo. É importante que o paciente com TDAH saiba que possui habilidades, mas que precisa manter-se motivado para desenvolver um sistema viável para utilizá-las.

2. Envolvimento de um membro da família para auxiliar no processo (em alguns casos):

O TDAH, em muitos casos, contribui para o desgaste dos relacionamentos familiares, sobretudo quando os membros das relações não conhecem os sintomas do transtorno e a dificuldade que este implica. Um apoio familiar pode contribuir significativamente para a melhora do paciente e de suas relações.

3. Organização de múltiplas tarefas:

As pessoas com TDAH podem apresentar dificuldades para gerenciar muitas tarefas ao mesmo tempo. Muitas vezes, mesmo decidindo que tarefa é mais importante que outra, na prática torna-se muito desgastante fazer a priorização e, sobretudo, a finalização da atividade. É possível treinar, por meio de estratégias a classificação e cumprimento de prioridades.

4. Solução de problemas e gerenciamento de tarefas estressantes:

Pacientes com TDAH podem deparar-se com o fato de que sua distração interfere em suas habilidades. O aprendizado do desmembramento de tarefas complexas em menores e mais gerenciáveis pode auxiliar no término de tarefas importantes. Manter a certeza de que a aprendizagem de outras habilidades para o treino em lidar com a distração ocorrerá, naturalmente, no decorrer das sessões, é importante.

5. Desenvolvimento e manutenção das habilidades de pensamentos adaptativos:

Uma vez compreendida a questão da natureza automática de muitos pensamentos, ou seja: o fato de muitos deles não chegam à consciência da pessoa, é possível começar a destacar o papel dos pensamentos negativos nos sintomas de TDAH. Por meio de exercícios realizados na sessão terapêutica, o paciente aprende a reconhecer erros no modo de pensar e é auxiliado na promoção de outros pensamentos funcionais, a partir da identificação de situações que requerem tais pensamentos para a promoção de uma melhor qualidade de vida.

Lembre-se que para a avaliação de sintomas e planejamento dos procedimentos de intervenção terapêutica é necessária a consulta médica ou psicológica.  A manutenção dos resultados é necessária no trabalho de prevenção de recaídas.


Tatiana Berta

Psicóloga e Psicoterapeuta Comportamental e Cognitiva

CRP  (06/93349)

Fone: (11) 98254.6237

São Paulo/SP

O conteúdo do artigo é  informativo e não substitui a consulta com um Psicólogo.

One comment

  1. O livro infantil JOÃO AGITADÃO da Editora Caravansarai é uma leitura divertida para as crianças com TDAH.

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