Transtornos de Ansiedade: o que fazer?

A palavra “ansiedade” deriva do grego e significa “estrangular, sufocar, oprimir”. Níveis moderados de ansiedade são considerados fundamentais no processo de desenvolvimento, na medida em que fornecem possibilidades de defesa com finalidade de adaptação à situações novas ou perigosas, porém quando o medo ultrapassa o limite das reações adaptativas, podem surgir manifestações de sofrimento em diferentes quadros, como ataques de pânico, fobia social ou estresse pós-traumático, transtornos que alteram o funcionamento comportamental frente às situações do cotidiano. Níveis elevados e contínuos de ansiedade podem ser considerados patológicos, quando interferem na qualidade de vida, conforto emocional ou desempenho no cotidiano.

Infelizmente, ao se falar em sofrimento emocional ou psicológico, predominam falta informação e pouca empatia. Torna-se difícil pedir ajuda ou reconhecer o próprio sofrimento, muitas vezes por medo de desaprovação social. A procura por auxílio pode dar-se em estágios avançados dos quadros, quando os sintomas levam as pessoas, muitas vezes com pouca informação, à distorções e agravamento da situação, geralmente precisando de atendimento emergencial. Uma forma de identificar a diferença entre um estado de ansiedade normal ou patológico é observar se a duração da reação ansiosa está diretamente ligada ao estímulo do momento ou não.

Em psicoterapia, numa abordagem comportamental cognitiva, tem-se como foco o comportamento apresentado, por exemplo, a sintomatologia ou sofrimento que acompanham a consulta ou relatados pelo cliente. Conhecer em que circunstâncias as reações se manifestam e o que pode ser feito para que modificações no ambiente/cotidiano revertam o processo de aprendizagem das reações ansiosas é fundamental para que se observem as melhoras desejadas. O psicólogo auxilia no enfrentamento dos temores, por meio de diversas técnicas terapêuticas, como a psicoeducação (conversando sobre as situações de medo e orientando sobre os eventos traumáticos) e a exposição (estimulando, gradualmente, ao enfrentamento da situação ou pensamentos a ela relacionadas). No caso de crianças e adolescentes, é importante ressaltar que a identificação dos diferentes transtornos de ansiedade pode auxiliar a evitar desdobramentos negativos na vida adulta como dificuldades escolares ou utilização de serviços de pediatria por queixas somáticas associadas, como dores diversas, por exemplo.

 

 

*Tatiana Berta Otero (CRP 06/93349)

(Psicóloga Clínica, Terapeuta Comportamental e Cognitiva, Mestre em Ciências da Saúde/Saúde Coletiva)