Dificuldades ou Transtornos de Aprendizagem: conversando sobre Dislexia, Disgrafia, Discalculia e Dislalia

 

O que vem a ser dificuldades, problemas, ou transtornos de aprendizagem? Para iniciarmos, talvez seja ideal definirmos o termo tão usado atualmente – transtorno. De acordo com a Classificação de transtornos mentais e de comportamento – CID 10, “transtorno’ não é um termo exato, porém indica a existência de um conjunto de sintomas ou comportamentos clinicamente reconhecível, associado, na maioria dos casos, a sofrimento e interferência com funções pessoais. Essa mesma Classificação indica em F81 Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares, mencionando e os classificando em leitura, aritmética, entre outros.

Por problemas de aprendizagem, entre tantas definições, citando aqui o Dicionário de Psicopedagogia e Psicologia Educacional, podemos pensar em uma prolongada superexigência, seguida de grande frustração, devido a causas diversas e que exigem atenção e tratamento por estarem diretamente relacionados com o sofrimento de quem os apresenta. O mesmo dicionário “sugere” que o tratamento se oriente no sentido de uma revisão da escola em que a criança/adolescente estuda, aconselhamento de pais e professores, auxílio dirigido e psicoterapia.

Os profissionais indicados entre outros, a depender do caso, devem ser os psicólogos, psicopedagogos, fonoaudiólogos. Esses profissionais, especialmente quando inseridos em uma equipe multidisciplinar, muito podem contribuir para uma compreensão das causas, acompanhamento, tratamento, remissão e/ou diminuição dos efeitos e conseqüências, tornando a vida acadêmica, pessoal e social da criança/adolescente muito mais produtiva e significativa, minimizando o sofrimento, e conseqüentemente visando prevenir a continuidade desses sintomas/comportamentos no adulto. 

Tentaremos aqui descrever ainda que bastante superficialmente alguns desses transtornos mais comuns entre os escolares e traçar algumas diretrizes iniciais a pais e professores, sempre lembrando que a intenção não é substituir um diagnóstico feito por um profissional capacitado para tal.

* Dislexia – Incapacidade devido lesão central do sistema nervoso para ler compreensivelmente, sendo então considerada um problema de aprendizagem de ordem neurológica. Esses indivíduos podem apresentar também problemas na escrita. Normalmente a dislexia é detectada no período de alfabetização da criança e se apresenta por dificuldades na decodificação da grafia, confusões fonéticas, inversões ortográficas e dificuldades em diversos níveis da leitura. É importante descartar dificuldades na visão e audição antes de um diagnóstico de dislexia. Os professores devem ficar atentos no sentido de não excluir esses alunos, não os rotularem como “preguiçosos” e manterem sempre uma comunicação aberta com pais e equipe escolar.

* Disgrafia – caracteriza-se por uma desorganização da letra, cansaço e lentidão na escrita, traços pouco precisos, entre outras coisas. Os alunos com disgrafia apresentam dificuldades de copiar do quadro para o caderno, omitem ou adicionam letras, escrevem rápido demais ou muito lentamente, ou seja, os traços e as letras se confundem. Nesse caso, cabe aos pais e professores promover atividades onde a criança possa se expressar usando materiais diferentes como massa de modelar, pinturas. Vale também estimular a criatividade da criança, bem como sua coordenação motora usando atividades de recortar, por exemplo.

* Discalculia – Distúrbio caracterizado por uma dificuldade no aprendizado dos números, incapacidade de identificar sinais matemáticos, montar operações, classificar números, entender princípios de medida, sequenciação, compreender conceitos matemáticos, relacionar valores monetários, falta de organização temporal. Quando algum aluno apresentar esse diagnóstico, o professor deve evitar ressaltar as dificuldades (apresentadas pelo aluno), mostrar impaciência diante das dificuldades, corrigir o aluno de maneira inadequada na frente dos colegas, e sempre buscar ajuda de outros profissionais, além de manter informados os pais ou responsáveis. 

dislalia

* Dislalia – A dislalia é um distúrbio da fala que se caracteriza pela dificuldade de articulação de palavras. O portador da dislalia pronuncia determinadas palavras de maneira errada, omitindo, trocando, transpondo, distorcendo ou acrescentando fonemas ou sílabas a elas. Não cabe aqui reforçar esses erros da criança, achando “engraçadinho” ou diferente.

Como dito anteriormente, esses são apenas alguns dos transtornos que normalmente se apresentam durante a fase de escolarização da criança, e que devem ser observados, diagnosticados e tratados por uma equipe profissional multidisciplinar, visando diminuir algo que é comum a todos eles – o sofrimento por parte de seus portadores. 

Bibliografia Consultada: 

Classificação de Transtornos mentais e de Comportamento da CID – 10: Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – Coor. Organiz. Mund. da Saúde. Trad. Dorgival Caetano. Porto Alegre: Artmed, 1993. 

Brunner, R. Dicionário de psicopedagogia e psicologia educacional. Trad. Cacio Gomes. Petrópolis, RJ : Vozes, 1994.

 

Paulo Sergio Estevam Ferreira

Psicólogo Clínico CRP: 06/93350

Terapeuta Cognitivo Comportamental e Psicopedagogo Clínico

 

 

* Consultas poderão ser agendadas também pelo email [email protected] ou telefones 98213.1941 (Vivo) e 95424.4920 (Tim)

 

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